quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Memórias de outono

                             Memórias de outono






 Você estava tomando cappuccino quando te vi pela ultima vez, seu olhar era feliz, e seu sorriso refletia as mais lindas memórias, suas roupas eram claras, e seu velho bloquinho de poesias ainda estava com aquela mancha vinho que eu provoquei, todos sabem que eu sou fraca quando o assunto é bebida.
  Agora é primavera, as flores de cerejeira estão radiantes, os pássaros voltaram a cantar, e as pessoas estão mais felizes, e eu continuo a lhe observar, de longe, e com medo de ser notada entro numa livraria underground com vidros pichados de tinta azul, e com meus óculos vintage vermelhos continuo minha observação.
  Alguns minutos se passam e você está provavelmente escrevendo outro dos seus lindos poemas sobre amor, e bate saudade da época que eles eram dedicados a mim, tenho saudades de te beijar todas as vezes que você os lia, olhava no fundo dos meus olhos e dizia, eu te amo, depois disso nós passávamos o resto da noite enrolados nos lençóis de seda que sua mãe nos dera de presente de casamento.
 Fico parada, não consigo reagir, é como se tudo o que vivemos tivesse sido levado para longe como uma terrível tempestade faz no verão, aliás foi no verão que tivemos nossa última discussão, elas já eram frequentas aquela altura dos nossos longos 2 anos juntos, era como se viver com você fosse meu maior sonho, e meu pior pesadelo.
 Então numa terça-feira nublada de outono você se foi, me deixou sozinha com nossos três sofás, e um suéter verde esquecido por você que eu guardo até hoje esperando que venha buscar, mais ao mesmo tempo desejando que isso nunca aconteça, pois o perfume amadeirado com toques de menta que você tanto usa ainda está presente nele. As lagrimas já estão aparentes em minha face, mas isso não importa mais, não tem ninguém para vê las escorrerem, por um momento insisto em terminar meu café, mais não consigo, sinto dor e uma terrível sensação de que poderia ter dado certo, quer dizer eramos tão jovens quando nos conhecemos, deveríamos nós ter insistido, mas agora meu tempo acabou.
 Uma mulher de repente toma conta de minha visão, uma linda mulher, seus olhos são tão azuis quanto o céu num dia de calor, e seus cabelos negros como a noite, seu sorriso se parece com o meu, quando ainda tinha você ao meu lado, ela te abraça, levo um segundo para descobrir o anel na sua mão direita, noivos. A enorme livraria começa e desaparecer em minha cabeça, só consigo enxergar um vazio, meu corpo pede por overdose, e minha garganta só quer que alguém desfaça o nó que está tão bem feito que parece que nunca irá se desfazer, tenho que ir, buscar alguma forma de diminuir essa dor no peito. Não sou tão discreta, e na saída do meu esconderijo/livraria você me avista, seu estado de humor muda de repente, e num passe de mágica descubro que ficarei bem.

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