terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

    Sobre um coração partido

Hoje quando acordei não havia mais nada...
Alguns meses atrás... Estava doendo tanto, acho que ouvi a mesma musica de superação de Billy Joe uma cem mil vezes, mais um pouco os vizinhos estariam me acompanhando na letra, era uma mistura de choro com desafinação, em apenas um segundo parecia que meu mundo tinha acabado, te perder era um buraco enorme no peito, te perder era acabar com tudo o que me lembrava.
Meu coração quebrou, minha respiração doia, minha fome não mais existia, nada era real em minha mente só a lembrança da sua voz se distanciando da minha em um vazio eterno, você partiu e agora só restava eu, sozinha no meio do espaço, sem espaço algum tentando fugir de mim mesma. Mas um dia a vida acorda, e eu tive que levantar e andar, tive que secar as lagrimas mesmo caindo outras cem no lugar.
 Dia após dia a dor estava amenizando, mesmo ainda machucando de uma forma estrondosa, as lagrimas iam secando, até o momento em que deixaram de existir, mesmo assim ainda estava extremamente machucada, acordava bem, mas cinco segundos depois quando me lembrava que perdi você a dor tomava seu lugar de costume, e eu me acostumei.
 Me acostumei a sentir dor, me acostumei com o coração partido, me acostumei tanto que estava sem vida própria, era um zumbi me alimentando de cada momento ainda presente na minha memória, queria não me lembrar, mas as memórias diziam que tudo tinha sido verdade, então me acostumei com isso também.
 Mais um tempo se passou, e foi quando pensei em mim pela primeira vez desde então, onde estava eu mesma? Não, não estava morta, apenas me enterrei viva sem querer, mais agora estava na hora de sair do buraco negro, me olhei no espelho e vi olheiras, eu não as possuía antes, meu cabelo estava horrível e meu olhar não tinha brilho, senti pena de mim mesma pela primeira vez. Minhas musicas estavam abandonadas, do lado dos sonhos e minhas roupas, velhas, surradas, doía tanto me ver assim que de repente a dor não era pela perda de alguém, mais sim pela minha própria perda.
 Foi tão difícil me encontrar, perdi minhas caracteristicas, perdi meus gostos, eu era um robô em construção da própria alma, e foi nesse momento que percebi que tinha feito tudo errado desde sempre, peguei um livro na prateleira, um batom na penteadeira e comprei roupas novas, mudei o cabelo, sai de casa e fui em busca de quem eu era.
 Com o tempo reaprendi a andar, reaprendi a sorrir, estava feliz meu coração antes despedaçado ia se consertando bem, agora havia apenas uma leve cicatriz prestes a ir embora, não pensava mais em você ao acordar, pensava em qual seria a roupa que iria vestir, então disse adeus pela ultima vez e acabou qualquer vestígio seu.
 Estava curada, era uma nova pessoa, descobri que era incrível e gostava de ser assim me reinventei e estou amando minha revolução até em meus sonhos, meu sorriso agora era por mim, estava bem.
 Foi então que muito tempo depois, distraída e sem planejar encontrei um outro alguém, era como se eu fosse eu, leve e sem cobranças, eu amava a liberdade assim como aquele rapaz, pensávamos em mudar o mundo, pensávamos em ser felizes, não precisei mudar, só precisei amar, só queria amar, e foi assim que conheci o que era amar alguém, me amando em primeiro lugar, o batom ? Ainda estou usando, os livros já troquei milhares de vezes, encontrei a paz buscando a paz, não busquei o amor pois quando comecei a me amar foi como se todo o amor do mundo viesse até mim.


 Para o meu amor...